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Influenciadores Virtuais: O novo fenómeno do Marketing de Influência

O Marketing de Influência tem vindo a deparar-se, recentemente, com a ascensão de um novo tipo de influenciadores digitais: os influenciadores virtuais. 

Estes são personagens fictícias, não humanas e, verdade seja dita, ainda assim, reforçam o posicionamento das marcas e fortalecem a relação com os clientes.

Existem já algumas marcas que apostaram neste novo fenómeno do Marketing de Influência como estratégia e verificaram um aumento do número de seguidores e um maior engagement, tendo um sucesso incrível por todo o mundo!

Neste artigo, vamos falar-te um pouco sobre:

  1. Influenciadores Virtuais: O que são?
  2. A ascensão dos Influenciadores Virtuais
  3. Benefícios dos Influenciadores Virtuais para as marcas
  4. Regras jurídicas aplicáveis aos Influenciadores Virtuais
  5. Influenciadores Virtuais mais populares

O que são Influenciadores Virtuais?

O Marketing de Influência já tem o seu papel bastante consolidado dentro das práticas publicitárias e os influenciadores digitais têm ocupado um espaço relevante nas estratégias de promoção das marcas. 

Nesse segmento, os influenciadores virtuais têm vindo a ganhar cada vez mais espaço dentro do marketing de influência nos últimos meses.

Um influenciador virtual é um personagem digital criada por um software de computação gráfica, geralmente, com o intuito de atuar como digital influencer.

Os influenciadores virtuais são, assim, personagens irreais, não humanas, com os quais as marcas estão, cada vez mais, a desenvolver parcerias.

Também chamados de computer generated models, são, geralmente, personagens 3D que, assim como os demais influenciadores digitais, produzem conteúdos para redes sociais (sendo o Instagram a sua rede social predileta), como se fossem pessoas reais.

Estas personagens fictícias são criadas a partir de tecnologias de inteligência artificial, resultando numa alta qualidade gráfica que permite que o seu aspeto físico seja muito próximo ao de um ser humano.

Ao contrário dos seus antecessores, como a banda britânica Gorillaz ou o ídolo japonês Hatsune Miku, que eram facilmente distinguíveis de pessoas reais, os novos influenciadores virtuais, como Lil Miquela (2,1 milhões de seguidores no Instagram) parecem autênticos seres humanos. 

A sua aparência hiper-realista, juntamente as suas interações virtuais, angariam milhões de seguidores e lucrativas parcerias com diversas marcas.

Lil Miquela, por exemplo, é a influenciadora virtual com maior número de seguidores no momento, possuindo atualmente 2,3 milhões de seguidores no Instagram e já participou, junto com a modelo Bella Hadid, numa campanha publicitária que foi muito bem sucedida.

O cabelo cor-de-rosa e esvoaçante da influenciadora virtual Seraphine e as suas publicações com gatos no Instagram atraíram milhares de fãs quando a notícia de que ela foi criada pela Riot Games Inc. – o estúdio por trás do jogo de desporto League of Legends – tornou a sua conta viral. 

Agora, a influencer virtual possui mais de 400 mil seguidores e aparece algumas vezes em Xangai para promover a sua música, enquanto a maioria das estrelas de carne e osso das redes sociais está confinada em casa. 

Apesar de não ser real, às vezes, Seraphine até usa uma máscara de proteção contra a Covid-19.

Numa altura em que a convivência, em segurança, entre seres humanos não pode ser dada como garantida, a urgência por porta-vozes digitais está a aumentar.

De acordo com a Business Insider Intelligence, é expectável que as marcas cheguem a gastar até 15 mil milhões de dólares anualmente em Marketing de Influência, à data de 2022.

Uma fatia cada vez maior desse dinheiro está a ser gastado em influenciadores virtuais e o marketing tradicional está a passar por um momento seriamente disruptivo.

Seraphine – que, em outubro de 2020, revelou ser também uma personagem no League of Legends, jogo que atrai até 8 milhões de utilizadores diários – inclui-se no grupo de cerca de 125 influenciadores virtuais ativos, de momento. Mais de 50 deles estrearam-se nas redes sociais, nos 18 meses anteriores a junho de 2020. No YouTube, os influenciadores virtuais são mais de 5 mil.

As marcas também têm levado a cabo iniciativas próprias, criando os próprios influenciadores virtuais. Há casos em que eles atuam como autênticos embaixadores da marca, aparecendo nas redes sociais da mesma promovendo-a nos seus próprios perfis.

 

A Ascensão dos Influenciadores Virtuais

Estes influencers começaram a ganhar ainda mais relevância após o início da pandemia por Covid-19. Os confinamentos obrigatórios impostos impediram as celebridades e os grandes influencers (humanos) de saírem de casa, limitando o seu contacto com outras pessoas e a produção de conteúdo.

Pelo contrário, a pandemia não é, de todo, um problema para os influenciadores virtuais, uma vez que estes não são humanos, mas sim gerados por computadores.

Os virtual influencers já tinham dado os primeiros passos no Marketing de Influência ainda antes de o novo coronavírus atacar a nível mundial.

Poderá dizer-se que a pandemia acelerou o impacto dos influenciadores virtuais, mas, na verdade, o verdadeiro impulsionador desta tendência será, todavia, a própria Geração Z.

O público-alvo destes influencers virtuais são pessoas entre os 18 e os 24 anos de idade, maioritariamente, do sexo feminino, segundo um relatório da Hype Auditor.

À medida que os membros mais antigos desta geração começam a chegar aos 20 anos de idade, iniciam a sua vida profissional e aumentam os seus rendimentos, o que os torna mais atraentes para as marcas em todo o mundo.

O facto de os influenciadores virtuais serem fictícios não os torna menos relacionáveis com o seu público-alvo.

É evidente que as redes sociais fornecem meios potenciais para contar histórias e estabelecer conexões a uma escala a que antes não era possível. 

Conhecer os interesses e hábitos de navegação do público-alvo, neste caso, experiente em tecnologia, parece ser o ponto principal para desenvolver um influenciador virtual bem-sucedido.

As pessoas estão numa procura incessante por algo diferente para se inspirarem e, por si só, isso já justifica a atenção que os influenciadores virtuais estão a ganhar.

Muitas pessoas da Geração dos millenials, habituada a lidar com o Digital, já têm os seus próprios avatares, pelo que esta não lhes é uma realidade totalmente estranha. Esta interação virtual é mais natural para esse público.

Estas personagens não têm limites, no sentido em que podem ser o que quiserem, quando quiserem, o que torna a interação com elas interessante e atrativa. São “pessoas” omnipresentes e globalizadas, pois não sofrem qualquer tipo de limitação humana, física ou financeira, entre outras.

Os influenciadores virtuais, embora irreais, representam uma oportunidade de negócio real, a nível mundial.

De acordo com o levantamento, divulgado em fins de novembro de 2019, a maior audiência dos influenciadores virtuais está nos Estados Unidos (23%); na sequência vem o Brasil (9%), Rússia (5%), Turquia (3%) e Itália (2%). O Japão está na sexta posição (1,6%).

A longo-prazo, exigem um custo mais reduzido do que trabalhar com influencers humanos, são 100% controláveis, podem aparecer em muitos lugares ao mesmo tempo e, mais importante que tudo isso, nunca envelhecem ou morrem, a não ser que queiramos.

De seguida, exploramos os benefícios dos Influenciadores Virtuais para as marcas.

Benefícios dos Influenciadores Virtuais para as marcas

Os influenciadores virtuais oferecem, logo à primeira vista, algumas vantagens para as marcas.

1. Agilização de processos

No caso de personagens virtuais criadas pela própria marca, não há a necessidade de negociar condições com terceiros, assinar contratos com o influenciador, acompanhar o cumprimento de prazos, etc.

Basta definir a estratégia e operacionalizá-la internamente utilizando o influenciador virtual, com recursos da própria empresa, num ambiente totalmente controlado.

Tendo em conta que o mercado de influenciadores está em processo de profissionalização, a necessidade de negociar as entregas e eventuais ajustes no conteúdo publicitário produzido pelo influenciador digital pode gerar atrasos nas campanhas e, eventualmente, desgastar a relação entre anunciante e influenciador. 

 

2. Resultados

Os influenciadores virtuais podem providenciar às marcas uma garantia de que o conteúdo a ser veiculado atenderá as expectativas da marca, com menor incidência de imprevistos.

Segundo o recente relatório da Hype Auditor , que analisa tendências internacionais das redes sociais, os influenciadores virtuais tiveram quase três vezes mais engagement do que os influenciadores reais em 2019.

 

3. Processo de Produção Simplificado

Depois de dominadas as tecnologias necessárias, o processo de produção é simplificado, pois pode ser realizado sem mobilizar muitas pessoas, evitando a ajuntamentos num espaço fechado, como um estúdio ou um cenário.

Apesar de parte dos conteúdos provenientes do marketing de influência serem produzido diretamente pelos influenciadores digitais e sem a necessidade de tal mobilização, esse aspeto pode ser favorável em tempos de pandemia e isolamento social.

 

4. Maior segurança

A utilização de influenciadores virtuais em estratégias publicitárias, de certo modo, oferece maior segurança à marca no aspeto “comportamental”, pois estes influenciadores  manifestam-se apenas nas suas redes sociais e não têm uma vida real fora delas, tendo uma atuação previsível e controlada. 

Por outro lado, perde-se a espontaneidade e criatividade dos influenciadores digitais reais, o que é também um fator a ponderar.

 

Regras jurídicas aplicáveis aos Influenciadores Virtuais

Os influenciadores virtuais podem fazer parte de qualquer campanha publicitária, tal como os influenciadores digitais reais, mas, tal como acontece com os segundos, as campanhas devem seguir as regras jurídicas aplicáveis. 

Se tiveres interesse sobre este tema, podes consultar o nosso Guia de Boas Práticas para Marcas e Influenciadores.

Uma dessas regras é a identificação publicitária, expressamente prevista no Código de Defesa do Consumidor. 

Significa isto que toda a publicidade deve ser veiculada de forma a que o consumidor a identifique como tal de forma fácil e imediata, por meio do uso de hashtags e da identificação de posts patrocinados, por exemplo.

O ponto que se coloca é que campanhas com influenciadores virtuais deverão seguir essa e todas as regras aplicáveis à atividade publicitária. 

Ainda que os influenciadores sejam virtuais, os anunciantes continuam a ter obrigações perante os consumidores, devendo cumprir com princípios como transparência, boa-fé objetiva e confiança, de acordo com o previsto no Código de Defesa do Consumidor e outras normas que possam ser aplicáveis. 

Ressalva-se também que, para a utilização de influenciadores virtuais, é necessário ter em atenção os direitos dos titulares dos criadores de tais influenciadores, incluindo-se direitos de propriedade intelectual

Assim, uma marca só poderá explorar a figura de um influenciador virtual se tiver a autorização dos titulares dos seus direitos. 

Se o fizer sem autorização prévia dos titulares, a mera reprodução da figura do influenciador virtual vestindo as roupas de uma marca, interagindo com outro influenciador, ou mesmo num meme, por exemplo, pode considerar-se uma infração aos direitos autorais dos titulares.

Da mesma forma, é importante que, caso o influenciador virtual seja desenvolvido pelo próprio anunciante, quer seja internamente ou via contratação de terceiros, sejam assinados todos os instrumentos contratuais necessários para que o anunciante possa usar tal criação para os fins publicitários que deseja. Isso inclui, por exemplo, contratos com designers gráficos, programadores, entre outros.

 

Influenciadores Virtuais Mais Populares

Lil Miquela

Lil Miquela é uma influenciadora virtual, cuja personagem se pode descrever como uma modelo metade brasileira e metade espanhola de 19 anos.

Com 2,8 milhões de seguidores no Instagram e uma taxa de cerca de 8 mil dólares por post patrocinado, Lil Miquela deve ser a influenciadora virtual que ganha mais dinheiro no setor, de acordo com a OnBuy.

Participou em campanhas para a Channel e Dior, gravou um single (“Not Mine”, que está no Spotify) e apareceu com vários famosos, entre eles a atriz Millie Bobby Brown (Eleven, em “Stranger Things”) e a apresentadora brasileira Maísa Silva.

Nos seus posts, aparece a fazer as mesmas coisas que uma modelo real faz: tira selfies, beija cães bebés, passeia com o namorado, come e vai a eventos. 

 

Aww’s Imma

Olhando rapidamente para Imma, a personagem com um cabelo rosa brilhante e um guarda-roupa estiloso pode ser confundida com uma pessoa real, humana.

Mais de 300 mil seguidores no seu Instagram vêem as suas parcerias com marcas como Salvatore Ferragamo SpA. 

A influencer virtual ela grava editoriais com revistas de moda e participa em desafios virais no TikTok, onde a sua versão do #syncchallenge, que envolve um aperto de mão que termina com um tiro simulado, obteve mais de 5,6 milhões de visualizações. 

As suas publicações nas redes sociais mostram que a personagem a visitar galerias de arte e, numa campanha recente da Ikea, a viver dentro de loja IKEA em Tóquio.

Curiosidade: A influenciadora virtual emprega cerca de 20 pessoas, na sua maioria, com experiência em produção de filmes.

 

Janky e Guggimon

Embora muitos influenciadores virtuais tenham uma aparência humana, empresas como a Superplastic apostam em criações mais fantásticas como Janky e Guggimon, que têm 2,3 milhões de seguidores no Instagram. 

Janky parece um gato alto cruzado com um urso, enquanto Guggimon se assemelha a um coelho enorme com dentes de tubarão. 

Num vídeo, as duas personagens são vistas a dançar aleatoriamente, e Janky apresenta-se com um machado na cabeça. 

Numa outra postagem patrocinada, eles estão na frente de uma loja Prada que acabaram de destruir em seu carro DeLorean. 

 

Noonoouri

Noonoouri tem 19 anos de idade, mais de 200 mil seguidores no Instagram, trabalha com as grandes marcas da indústria da moda e vive em Paris. “Vive” de acordo com um lifestyle vegan, não usa roupa de peles e promove a moda sustentável.

O objetivo de Noonoouri, criada pelo alemão Joerg Zuber, é, segundo a sua descrição, “transportar histórias sobre a herança e o legado de grandes marcas da moda para as redes sociais”. 

A Noonoouri tem mais de 226  mil seguidores no Instagram e vários contratos com marcas, incluindo Marc Jacobs, Dior e Versace. Já fez publicidade para a linha de maquilhagem de Kim Kardashian e mantém amizade com modelos, como Naomi Campbell.

No Instagram, possui uma atividade contínua e um volume de publicações de mais de uma publicação por dia. A sua média de likes é de 9,8 mil por post e a média de comentários é de 147.

 

Vic Kalli

Vic Kalli é a primeira boneca virtual influencer brasileira e já se estreou na revista L’Officiel Brasil. A personagem define-se como paulista, de 21 anos, ícone fashion e traveller.

No Instagram, tem mais de 697 seguidores, uma média de 437 curtidas por foto e os comentários rondam os 40. Porém, com o tamanho da base de seguidores, estes números parecem inflacionados.

Caso tenhas interesse, podes consultar a Lista com o TOP dos Influenciadores Virtuais Mais Populares.

Conclusão

Os influenciadores virtuais podem representar uma janela de oportunidades relevante para o mercado publicitário. Contudo, o desenvolvimento desse setor deve dar-se de forma responsável. 

Caso contrário, a eventual falta de transparência ou a violação das normas aplicáveis poderá, para além de violar direitos do consumidor e/ou de terceiros, causar um backlash por conta da falta de cumprimento das normas aplicáveis a este tipo de atividade.

Com o sucesso desta nova estratégia utilizando influenciadores virtuais, ou avatares virtuais, abre-se uma nova discussão sobre o mercado dos influenciadores digitais e o Digital. 

Os virtual influencers provam que não é necessário que alguém exista, de facto, para influenciar outros. Tudo o que é necessário é uma figura a ser popularizada, enquanto transmite as mais diversas mensagens escolhidas pelos seus criadores. 

Tampouco é necessário abdicar da privacidade pessoal para se tornar um influenciador; um avatar virtual pode fazer isso por você. Além disso, um avatar é essencialmente um personagem que os seus criadores modelam.

São figuras públicas que podem aproximar-se da perfeição e não são impactadas por críticas, como a maioria das celebridades. 

Ainda assim, não é necessário ser bonito, bem sucedido ou carismático. Um influenciador virtual pode apenas ser alguém com uma personalidade, um visual e uma proposta para o mundo.

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